quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

BRASILIA POR JUSCELINO KUBITSCHEK e LÚCIO COSTA

   Olá pessoal,

    Quando minha amiga Lucy esteve em Brasília, levei-a para conhecer o Memorial JK e ela ficou maravilhada de saber como nasceu Brasília, saber que já existia na Constituição do Brasil a interiorização da Capital, para que os brasileiros pudessem tomar posse de todo imenso território brasileiro, para que houvesse uma integração nacional. Mas para que esse objetivo fosse atingido, uma revolução deveria ser feita, não de sangue, mas de métodos administrativos. Foi fantástico ver como Juscelino teve a capacidade de fazer  acontecer esta audaciosa tarefa.

 Começou então um sonho, meticulosamente planificado.  O reduzido prazo de execução, motivo de persistente ataque da oposição - imposto pela antiga administração, desanimou anteriores governos, mas Juscelino não só decidiu construir Brasília como terminá-la antes do final do seu governo.
Em 1957 o deserto do Planalto central já era um enorme canteiro de obras. Juscelino pediu ao Arquiteto Niemeyer para desenhar o Hotel de Turismo e o Palácio Presidencial, apesar da velocidade do arquiteto ele examinou cuidadosamente o projeto e respondeu ao arquiteto com a franqueza que a amizade permitia: “O que quero Niemeyer é um Palácio que daqui a 100 anos ainda seja admirado. Niemeyer  sorriu dando a entender que havia captado seu pensamento. A noite foi em claro, logo de manhã, Niemeyer o procurou com um rolo de papel sob o braço, estendeu-o sobre a mesa, era uma revelação. Leveza, grandiosidade, lirismo e imponência, as colunas em  forma de leques invertidos, emergindo da água espelhante, constituem hoje o maravilhoso símbolo de Brasília.


Enquanto isto foi realizado no Rio o concurso para o Plano Piloto da capital e o vencedor foi Lúcio Costa e coloco aqui  sua explanação na íntegra, porque ninguém melhor do que o  autor para explicar seu projeto :

      "Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em angulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz.
      Procurou-se depois a adaptação à topografia local, ao escoamento natural das águas, à melhor orientação, arqueando-se um dos eixos a fim de contê-lo no triangulo equilátero que define a área urbanizada.
     E houve o propósito de aplicar os princípios francos da técnica rodoviária – inclusive a eliminação de cruzamentos – à técnica urbanística, conferindo-se ao eixo arqueado, correspondente às vias naturais de acesso, a função circulatória – tronco, com pistas centrais de velocidade e pistas laterais, para o trafego local e dispondo ao longo desse eixo o grosso dos setores residenciais.
       Com a decorrência dessa concentração residencial, os centros cívicos e administrativos, o setor cultural, o centro de diversões, o centro esportivo, o setor administrativo municipal, os quartéis, as zonas de armazenagem, ao abastecimento e às pequenas industrias, locais e por fim a estação ferroviária, foram assim naturalmente  ordenando  ao longo do eixo monumental.

         Veja-se agora o conjunto de edifícios destinados aos poderes fundamentais, que sendo em numero de três e autônomos, encontram no triangulo equilátero, vinculado a arquitetura da mais remota antiguidade, a forma elementar apropriada para contê-los. Criou-se então, um terrapleno triangular sobrelevado na campina circunvizinha, a que se tem acesso pela própria rampa da auto-estrada que conduz à residência e ao aeroporto. Em cada angulo desta praça – Praça dos três poderes – localizou-se uma das casas, ficando as do governo e do Supremo Tribunal   na base, a do Congresso no vértice, com frente igualmente para a esplanada ampla, disposta num segundo terrapleno, de forma retangular e nível mais alto, de acordo com a topografia local, igualmente arrimado de pedras em todo o seu perímetro. A aplicação, em termos atuais, dessa técnica oriental milenar dos terraplenos garante a coesão do conjunto e lhe confere uma ênfase monumental imprevista. 

        Ao longo desta esplanada – 0 mall dos ingleses, extenso gramado destinado a pedestres, a paradas e a desfiles- foram dispostos os ministérios e autarquias. Os das relações Exteriores e da Justiça ocupando os cantos inferiores, contíguos ao edifício do Congresso; os ministérios militares constituindo uma praça autônoma, e os demais ordenados em sequência – sendo o último o de Educação, a fim de ficar vizinho ao setor cultural, tratando à maneira de parque para maior ambientação dos museu, biblioteca, planetário, academias, institutos, etc


           A catedral ficou, igualmente localizada nessa esplanada, mas numa praça autônoma disposta lateralmente, não só por questão de protocolo, uma vez que a igreja é separada do Estado, como por questão de escala, tendo-se em vista valorizar o monumento e, ainda principalmente por outra razão de ordem arquitetônica; a perspetiva de conjunto da esplanada deve prosseguir desimpedida até além da plataforma, onde os eixos urbanísticos se cruzam."
      Bom meus amigos, eu amo falar de Brasília, porque é falar de arquitetura, de planos, projetos, arte, qualidade de vida, esta cidade que eu vivo é realmente maravilhosa.
Abraços e até o próximo post.

Texto do Livro escrito por Juscelino Kubitischeck - POR QUE CONSTRUÍ BRASÍLIA.






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